21 dezembro 2005

Inauguração de Blog "Paisagens e Cidadania" e Feliz Natal













Olá meus amigos

Acabei de criar um blog pessoal neste tempo de Natal de 2005

Convido os meus amigos e quem ao blog tiver acesso a colaborar com as suas idéias para que se "fale" de todas as coisas especiais e actuais sobre cidade e o campo

Sobre tudo o que interessa e se pode comunicar para em termos de cidadania trocarmos idéias e talvez, quem sabe, trocar conhecimento que possa ser útil e realizável para que o nosso mundo seja mais fraterno

Um Santo Natal e aqui aguardo acompanhada dos anjos o que vos aprouver dizer
maria celeste ramos
lisboa 21 dezembro 2005


4 comentários:

Maria Celeste Ramos disse...

amigos

um de vós devotou a vida à comunicação social em geral e, em especial, ao diálogo através da rádio, e noite fora, pondo em comunicação simultânea, pessoas que precisavam de ouvir "os outros",contar experiências de vida, por vezes bem dramáticas
Não é bem o que se pretende agora, mas antes, falar, por exemplo, de muitos dos "problemas" que ao longo de anos eu fui constatando "em directo" e que são dramas sociais
Ai, esses sim, teremos de neles falar sem nomear os nomes dos santos, apresentar factos concretos e aventar soluções, mesmo que pareçam utópicas
Cidadania é também isso - o relato de situações e a procura de idéias e tranmití-las
Usemos a "nossa" profissão e saberes "colaterais" não apenas para manifestar fraternidade mas também "portas" de saída para os problemas, senão este blog não terá interêsse realista
mais uma vez uma "provocação" para que cada um DIGA e proponha
Até já - até sempre
maria celeste ramos

Maria Celeste Ramos disse...

Notícia de hoje 23 dezembro na TV1 - 20 horas
"Consta" mais uma vez (já lão vão 10 anos de conversa)que não está arrumada a polémica sobre a construção de barragem hidro-eléctrica no Rio Sabor, o último rio selvagem do país que, apesar de pequenino - 89 060 Km2 - tem (teve) uma extraordinária Bacia hidrográfica nacional sobre a qual muito escreveu o grande geógrafo Orlando Ribeiro e pelo filósofo Unamuno que disse que "da Ibéria Espanha tinha herdado a Quinta e Portugal o Jardim"

Os rios em Portugal, como as árvores, não têm merecido importância nenhuma e tal que cada pequeno rio tem uma grande enxurrada (lembremos o inverno 2001)originando danos ecológicos e aos habitantes da sua vizinhança
Aterram-se pequenas e grandes ribeiras para implantação de uma estrada ou expansão urbana, de que é famoso o caneiro da ribª. de Alcântara (a segunda mair ribª de lisboa)e, como é sabido, Lisboa sofre contínuas e desastrosas enxurras logo à primeira chuvada de inverno

Constrói-se sobre ribeiras encanadas, em leitos de cheia e de máxima cheia, as linhas de água são lixeiras de detritos sólidos de materiais sobrantes da construção de habitação ou de estradas e sabe-se que em cada Caderno de Encargos de cada obra o empreiteiro é obrigado a "limpar" o local de todo e qualquer material estranho, as ribeiras são depositório final de efluentes industriais altamente poluídos e poluentes sem qualquer tratamento,por vezes indo desaguar a praias (lembremos o drama da praia da Vieira, sendo que cada pequena ribeira assim maltratada, irá desaguar noutra que não fica saudável porque as ETARs ou não existem, ou estão implantadas no local errado e de dimensão incorrecta, ou simplesmente não funcionam para poupar a despesa do seu funcionamento

Ou, então, constrói-se nas margens planas ou de arribas, sendo que há legislação nacional de protecção das Zonas Húmidas (e acordos internacionais de protecção das ZH), que não se cumpre a nível de poder local e mesmo central

Tal é agora caso do Rio Sabor onde se pretende mais uma barragem hidro-eléctrica já que as "energias alternativas" continuam a estar encalhadas optando-se pela solução mais fácil e rápida que é destruir, mais uma vez, o património natural e ESTÉTICO do país
Se a cidade é o melhor local para o Homem Habitar, não é certo que cada espaço de Campo fique à mercê do betão e de infraestruturas que têm alternativas
É fundamental conservar e por isso insistir, na salvaguarda da natureza selvagen que resta
A funçao de cada rio não é apenas economicista, porque é também climática e ecológica, científica e lúdica, sendo pertença comum de todos os cidadãos que têm direito à beleza - é memória e pertença colectiva

E que os 10 anos de decide-não-decide, não apague a nossa memória do que, ao fim de tanto tempo de indecisão faz apagar
O país está destroçado nas suas Unidades de Paisagem, nos seus ecosistemas que se tornaram insustentáveis apesar do uso e abuso da auto-sustentabilidade e, por isso, sem água no solo e sub-solo, a taerra vai secando porque não armazena as chuvadas nos locais naturais, as árvores seca, e só lhes falta uma pequena faísca para arderem como papel de seda

O país arde há 20 anos porque a população rural "já não habita lá, ou envelheceu a que restou, e nem são necessários "incendiários" porque o que está seco, com as lixeiras em que se tornatam as matas, qualquer raio de sol a incidir em vidro ou latinha, só pode dar fogueira

Os fogos dantescos dos últimos 3 anos resultam essencialmente da desordem na mata, no traçado das estradas, na construçãõ ad hoc de habitação
O Fogo resulta do Caos do des-ordenamento
Quem me "obrigou" em pequenina a decorar as serras e os rios - minho - lima - cávado - ave - douro - mondego - tejo - sado - mira e guadiana - abençoado seja

O ri Sabor não consta na minha memória mas é um afluente de um destes - existe e está lá para ser local paradisíaco da natureza ainda em equilíbri e deleite de quem o quer contemplar

maria celeste ramos

Maria Celeste Ramos disse...

amigos

tenho de ter mais cuidado com a ortografia e a sintaxe
Tentarei melhorar
O Rio Sabor que também me desculpe porque merece-me melhor
Mas certamente que lá irei de novo logo que haja mais notícias, a não ser que as haja, como é costume, só depois do facto consumado
maria celeste ramos

Maria Celeste Ramos disse...

Ainda o Rio Sabor de Trás-os-Montes com dados "sintetizados retirados do site www.sabor-livre" a que acrescento o meu sentir

- é uma área de vale que levou milhares de anos a desenvolver-se e encontrar estabilidade bio-dinâmica e a ser construída a barragem tudo será destruído biótica e paisagisticamente
- é santuário natural de plantas endémicas nas manchas calcárias e ultra-básicas e é santuário ornitológico de que são exemplo a águia Bonelli, águia real, abutre do Egipto e cegonha preta, o que motivou a criação de Zona de Protecção Especial (ZPE) e de uma BIA (Important bird area, bird life international)
- é refúgio e corredor de espécies piscícolas cujas reservas de água serão contaminadas pela retenção de sedimentos e nutrientes
- é área de grande diversidade de Habitats incluídos na Rede Natura para além de possuir os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais de Trás-os-Montes
- a ser construída a barragem o regolfo ocupará 50% da área de extensão do rio e fornecerá exclusivamente 0.6% de energia ao país, e sendo área habitada apenas por 43.682 pessoas (2004), à semelhança da vizinha barragem do Pocinho cuja população foi obrigada a sair ficando a povoação desertificada e a barragem em estado de abandono e deteriorada, sucederá o mesmo porque não restarão áreas de exploração agrícola tradicional bem como bens culturais regionais

- por mais económico que seja a construção da infraestrura não há equivalência na destruição da natureza e dos bens de exploração como o olival que produz, anualmente 60 mil litros de azeite de alta qualidade para além da mais uma situação de imigração forçada das populações do Campo desaparecendo, com eles todas as menifestações culturais regionais ligadas à música, aos artefactos e aos usos e costumes
- as culturas do vale de Felgar serão irreversivelmente destruídas numa das zonas mais férteis de Trás-os-Montes
- os USA iniciaram um programa de desmantelamento de barragens hidro-eléctricas e os decisores nacionais nada aprendem com o que se faz "lá fora" seja de novos projectos a implantar, seja a de renovação e restauro dos que já não fazem sentido ou deterioram o ambiente e as paisagens e as gentes
- desaparecerá igualmente a beleza natural procurada pelo "Turismo de Natureza" e de SILÊNCIO e ar puro
- desaparecerá mais um "bocado" do país e dos habitantes que eventualmente demanderão as áreas litorais já super-habitadas, contra o interior que se desertifica em nome de NADA