29 novembro 2018

OS VELHOS II - A Cidade e a Sociedade


OS VELHOS II - A Cidade e a Sociedade
A SOCIEDADE CIVIL – DIREITO À IDADE –
DIREITO À FELICIDADE

ESPAÇOS DE ENCONTRO MULTI-ETÁRIOS CULTURAIS E OFICINAIS AUTOSUSTENTÁVEIS E PRODUTIVOS

ESPAÇOS DE PATRIMÓNIO ARQUTECTÓNICO DESACTIVADOS – MUDANÇA DE USOS
DIREITO À VIDA ACTIVA EM COLECTIVO E EM LIBERDAD DE OPÇÃO
DIREITO À REMUMARAÇÃO COM O PRODUTO DO TRABALHO

ENVELHECIMENTO E AUTONOMIA VELHICE ACTIVA
DIREITO AO TRABALHO LIVRE MAS LUCRATIVO INDIVIDUAL E PARA A SOCIEDADE

EXPOSIÇÔES PERMANENTES DE ARTES E OFÌCIOS
 VENDAS PERMANENTES - ESCOLAS OFICINAIS PERMANENTESPARA TODAS AS CLASSES ETÁRIAS INTERESSADAS NOS SABERES DISPONIBILIZADOS

PERMITA-SE AOS VELHOS RE-INVENTAR O SEU VIVER EM LIVRE DECISÂO
PORQUE PARAR É DESAPARECER

UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE LECCIONADA PELA TERCEIRA IDADE

O DESPOVOAMENTO DOS LUGARES – EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO
DIREITOS SOCIAIS – EROSÃO DOS DIREITOS SOCIAIS
EROSÃO DA SOLIDARIEDADE DA VIZINHANÇA
ENVELHECIMENTO NATURAL versus ENVELHECIMENTO PRECOCE

EDUCAÇÂO DA SOCIEDADE PARA A TERCEIRA IDADE
EDUCAÇÂO ESCOLAR DOS ADOLESCENTES PARA OS PROBLEMAS DA TERCEIRA IDADE
PLANEAMENTO E INFRAESTRURAÇÃO DA CIDADE PARA AS CLASSES COM DIFICULDADES FÍSICAS E ECONÓMICAS

A CIDADE TRATA MUITO MAL OS CIDADÃOS VELHOS – CIDADÂOS CEGOS – CIDADÃOS COM  HANDICAP

EMPOBRECIMENTO DOS MAIS VELHOS
DIREITO À REFORMA EM IDADE ÚTIL E SAUDÁVEL
DIREITO À ALEGRIA NO FIM DA LINHA DA VIDA

A EUROPA RICA ESTÁ EM PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
MAS TAMBÉM EM PROCESSO DE EMPOBRECIMENTO

SER VELHO EM *PORTUGAL É UMA FATALIDADE NACIONAL

OS VELHOS MORREM SÒ POR EXCESSO DE FRIO OU DE CALOR
OU POR PARTIR OSSOS EM CASA - NA RUA - NOS TRANSPORTES PÚBLICOS
DIREITO À CIDADE QUE CONTEMPLE A TERCEIRA IDADE

OS VELHOS MAIS POBRES DOS LOCAIS MAIS LONGÍNQUOS DO PAÌS – VILAS E ALDEIAS DESLOCAM-SE DE TÁXI PARA CONSULTA MÉDICA OU HOSPITALAR

ANO INTERNACIONAL DO IDOSO 1999

SOLIDARIEDADE INSTITUTIONAL SEM CARIDADE MEDÍOCRE

VOLUNTARIADO

SE TUDO MUDA – SE AS SOCIEDADES ENVELHECEM E MUDAM
TODOS TÊM DE MUDAR – planear mudanças a curto prazo


Até aqui a Sociedade tem institucionalizado a maioria dos problemas ligados à terceira idade sobretudo no que respeita ao alojamento, à saúde e ao encontro, ou tem deixado cair essa realidade no esquecimento e, por outro lado, tem sido problema resguardado adentro das fronteiras de cada país

A declaração de 1999 como o Ano Internacional do Idoso fez desencadear o interesse por este tão "moderno" problema sobretudo nas sociedades em que aumentou extraordinariamente a esperança de vida do cidadão, sobretudo nos países mais ricos e evoluídos, derivado não apenas da evolução das ciências médicas em geral, da farmacologia e da gerontologia, mas também da qualidade do "habitar e da alimentação", mas também devido a maior prática de desportos e diversões, a disponibilidade de tempo para fim de semana, para férias de verão e de inverno, e para "viajar" longe, contribuindo num todo para o "desenvolvimento global do indivíduo" não apenas fisicamente mas também intelectual e espiritualmente

De entre os 10 milhões de portugueses, 2 milhões têm mais de 65 anos correspondendo a 17% da população e considerados "os grandes esquecidos", sendo que de entre eles 1 milhão aufere menos do que 300 euros mensais, mas já foram apresentados valores muito diferentes, pelo que esta discrepância informativa esconde que há vários milhares de velhos cujos rendimentos estão muito abaixo do ordenado mínimo que em Portugal é de  ----- euros, mais baixo do que em alguns dos novos países de recente adesão à comunidade europeia (2005) e sendo também que o ordenado mínimo nacional representa 1/5 do ordenado mínimo médio da UE

Em 2000 o índice de envelhecimento ultrapassou pela primeira vez os 100 idosos por cada 100 jóvens entre os 0 e 14 anos, e em 2004 existiam quase 108,7 idosos por cada 100 jóvens e 81 mil idosos em todo o país entre os 60 e 70 anos

Só em Lisboa existem 33 mil e 700 velhos a viver sozinhos, e de acordo com as projecções para 2050, Portugal será o 4º. país mais velho da Europa dos 25, tendo sido também já considerado um dos 3 países mais pobres da União Europeia, sendo que desde a adesão à comunidade em 1986, há 20 anos, o país altera a sua posição no "pelotão da frente" para uma posição cada vez mais descendente e imparavelmente deslizante

Não pela idade, mas pela pobreza, acrescenta-se a esta situação dos novos pobres do falso desenvolvimento, um valor não divulgado de outros pobres representados por cidadãos oriundos dos denominados "países de Leste" que estando os seus países em desmoronamento político e económico e o nosso em aparente crescimento parecendo-lhes o "paraíso" mais próximo, aqui aportaram há pouco mais de10 anos, despertados pela maior riqueza que tinham que era a "esperança" de encontrarem trabalho e a construção de uma vida para poderem "envelhecer" melhor, como fizeram os portugueses no séc. XIX para o Brasil e no séc. XX para a Europa do post-guerra, embora os portugueses se tenham espalhado por todos os continentes e locais que talvez nem venham inscritos no mapa mundi

Prevê ainda para este ano o Banco de Portugal o disparo das pensões, no valor de 8.3% nas pensões do regime geral e de 8.8 % na função pública, parecendo, segundo esta evolução, que será necessário o trabalho de 2 jovens para pagar a pensão de um idoso, incluindo neste caso os idosos de "reformas milionárias", que constituem uma minoria, mesmo inferior aos que auferem menos de 300 euros mensais

Valores mundiais cuja fonte não recordo revelavam há uma dezena de anos que apenas 5% da população mundial aufere 75 % da riqueza mundial global e Portugal encontrar-se-á nessa média, apesar de estar, numa escala de 27 países considerados desenvolvidos no lugar nº. 23, de acordo com inquéritos realizados constantemente por empresas internacionais especializadas e credíveis, já que com a comunicação global os países parecem aproximar-se mais e, igualmente, comparar também as suas riquezas e misérias

O governo português no Relatório de Sustentabilidade da Segurança Social prevê aumento de sanções no valor de 4.5% para reformas antecipadas por cada ano de antecipação tendo congelado pedidos de reforma antecipada até 2007, mas desde 2002 que se assiste a aumento esponencial de reformas da função pública, sobretudo devido ao aumento da idade de reforma que até aqui era de 60 anos e 36 anos de serviço, passando para 65 anos

Outras medidas estão a ser tomadas relativamente aos trabalhadores inscritos no Instituto Nacional do Desemprego que não poderão recusar o emprego que lhes for encontrado remunerado ao nível do subsídio mínimo de "desemprego" mesmo que possuam aptidões que lhe permitiriam melhor salário

O presidente da república inicia segunda-feira, 21 de novembro 2005 na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa as Jornadas sobre Envelhecimento e Autonomia, prevendo visitar Lousada, Marco de Canavezes, São Martinho de Soalhães, Ermesinde, Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta e de Mogadouro, Vila Chã de Braciosa, Bragança, terminando na 5ª. feira em Lisboa com palavras de apreciação do que encarou, acompanhado com a intervenção do presidente de Universidade da Terceira Idade e Manuel Carrageta, presidente da Fundação de Cardiologia

No Congresso de Gerontologia do início de novembro deste ano, de entre os múltiplos temas que foram apresentados, independentemente dos problemas de saúde inerentes ao envelhecimento natural ou precoce, os que maior interesse me despertam respeitam à arquitectura na Cidade + Impacto do envelhecimento na Sociedade + Qualidade de vida e, por fim, a Europa e integração dos mais velhos, cujos documentos estarão em breve disponíveis em site http://www.app.com.pt

Sabemos que a nossa sociedade, bem ou mal, vai respondendo a muitos dos problemas inerentes à terceira idade, mas estão cada vez mais longe de ser satisfatórios porque o envelhecimento e empobrecimento avançam mais depressa do que as respostas e até previsões, e ainda porque há que também no "fim da linha da vida" procurar ser feliz sem se "esperar sentado" até que chegue o fim, e não há sociedade que possa divorciar-se desse problema sob pena de se ter chegado à situação de "escravatura do século XXI"

Sempre os governantes portugueses se mostraram incapazes de solucionar, em tempo, os problemas mais prementes da sociedade e que são razão de existência de orgãos governamentais, como por exemplo o da habitação quando entre 1976 e 1978 quase um milhão de retornados das colónias portuguesas regressaram ao país da sua origem ou de seus ancestrais, sendo que muitos conseguiram enviar, via marítima, alguns dos seus haveres, que em caixotes gigantescos se amontoaram durante anos e ao longo de kilómetros nos cais de Lisboa, alguns que acabaram por apodrecer, o que foi denominado de "operação caixote"

Quanto ao alojamento, tanta população, equivalente a tantos ou mais do que os habitantes da capital, ocupou todos os tipos de alojamento turístico país fora, provocando quebra de turismo nesse período de tempo, mas também os retornados não conseguindo continuar a viver assim, resolveram, da pior maneira, construir não importa onde, a sua habitação e locais de comércio, pois que não foi possível encontrar na função pública emprego para todos, tendo essa situação empolado de forma drástica o número de funcionários públicos, único recurso possível na altura

Esta situação imprevista e de emergência merece-me no entanto o maior respeito pois que ninguém ficou nem "desintegrado" nem sem abrigo, tendo mesmo muitos recebido subsídio estatal especial, mas ao que não se seguiu nenhuma solução e tal que conduziu ao maior caos urbanístico jamais visto até aí, com arquitectura de recurso, sem saneamento básico ou equipamento escolar e infra-estruturas básicas

Lisboa, porto de regresso, seria a cidade mais sacrificada incluindo as áreas da "Outra Banda" de que ainda não recuperou nem recuperará porque os grandes "problemas à portuguesa" têm o "ferro" de irreversíveis, senão o país evoluiria em vez de continuar imparavelmente e involuir, como se constata no nosso quotidiano sobretudo desde os últimos anos da década de 90, e tal que se chega a uma situação de somatório de problemas que ultrapassam fronteiras, acrescidos a problemas antigos nunca resolvidos e a que se somam sempre os de cada instante, económicos e socio-culturais

Também uma das zonas de procura preferencial por parte da população de retornados das colónias portuguesas, sempre na vizinhança de Lisboa, foi sobretudo Algés e Mira Flores e depois a Linha do Estoril, área das praias de grande beleza e equilíbrio e local ainda no início da procura incipiente, pelo "turismo de elites", local bem comparável em qualidade e beleza a qualquer Riviera do Mediterâneo norte europeu, que de repente se viu inundada de habitação numa faixa interior e paralela ao edificado existente desde Algés a Cascais, e de que a imensa expansão da cidade que se bastava como faixa à beira da Estrada Marginal e da longínqua Estação Agronómica Nacional (Palácio do Marquês do Pombal), é disso resultado tendo nascido uma "cidade nova" - também chamada "cidade dos retornados" e que agora coalesce com Cascais e a Linha de Sintra

Igualmente as zonas da Costa da Caparica e ao longo da estrada paralela à linha costeira, praias até aí totalmente selvagens e de grande beleza, que nos anos 60 começou a ser "local privilegiado de férias de verão" e de fim de semana dos lisboetas, viu-se de repente ocupada com urbanização selvagem sem qualidade nem lei e sem nunca ter sido sujeita a qualquer plano de "reorganização urbana", apesar dos PDM criados e desenhados na década de 80

Chegou a ser criada a Paisagem Protegida de Almada, a Arriba Fóssil, A Mata dos Medos, a lindíssima área agrícola ao longo da Arriba Fóssil que fornecia a Lisboa as primeiras primícias primaveris da agricultura de areal, e tudo isso acabou, tudo isso é o pior dos caos urbanísticos, tudo isso está cheio de gente em locais desarrumados e feios

Aqueles belos espaços naturais na mais perfeita dimensão de natureza selvagem apenas com a humanização da agricultura em areia, secular, envelheceu, desmoronou, mas sendo ainda hoje assaltada por milhares de lisboetas que devoram os kilómetros de areal a perder de vista até ao cabo Espichel

Cabe aqui referenciar que o turismo de praia e sol e verão mal tinha tido início em Portugal, tendo começado apenas no início dos anos 60 e sobretudo no Algarve, já que é o início do enriquecimento da europa, do desenvolvimento do sistema rodo-viário e a "fama" do SOL de todo o ano deste paraíso do sul, já que Portugal tem mais de 3 mil horas de sol por ano e os países da europa central e do norte têm neve vários meses/ano, chuva e frio e o céu sempre cinzento

E tal assim que muitos reformados da europa central adquiriram, para passar a sua "velhice", habitação própria no sul algarvio

Os decisores baixaram os braços perante grandes desafios que as conturbações sociais provocavam parecendo actualmente que se dá as mãos a uma história de destruição das paisagens e de envelhecimento sem conforto

Nos últimos de 20 anos o problema da "construção anárquica" desfaz as mais belas paisagens,  que se propagou-se a uma das mais belas regiões da proximidade da capital, a "Linha de Sintra" sobretudo na década de 90 (no entanto classificada como Paisagem UNESCO), e que dariam aos territórios à volta de Lisboa de ambas as margens do Tejo, origem à AML que tem dos mais graves problemas do país de toda a ordem, pois que a esta população se acresce a que nos anos 80, uma vez "fechados os locais habituais de emigração dos portugueses" (europa) demanda as cidades do litoral, sendo Lisboa sempre a mais procurada como solução milagrosa, onde acorrem também habitantes dos países lusófonos quando os seus países não
dão resposta em termos de desenvolvimento, ou entram em guerra, ou são assolados por catástrofes naturais, parecendo que o que não se encontra em Lisboa não se encontra em mais nenhuma outra cidade do país

Como o Tejo, tudo desagua em Lisboa, embora na era do terciário Lisboa desaguasse na Lagoa de Albufeira, perto de Melides, o que faz ter esperança de que um dia, também os cidadãos, uma vez saturada a capital, debandem para os lugares despovoados, o que em parte já sucede a partir do fim do século passado, sobretudo para o Alentejo, como se, como as aves, os homens, ao longo de ciclos, debandasse do centro da cidade para a periferia ou de uma cidade para outra, do campo para a cidade ou ao campo regressassem, num eterno movimento de envelhecimento e renovação e procura de "melhor lugar" de viver

Como se qualquer problema de não importa que espécie aqui venha parar à procura de solução transformando a pequenina e luminosa Lisboa dos anos 50 num enorme monstro de amontoado de problemas em camadas sobrepostas pelos anos e pela incapacidade de lhes dar vazão

E é agora em pleno séc.XXI que aos problemas anteriores nunca resolvidos, se acrescenta o da 3ª. idade e de todo o tipo de situações que acarreta e a que a Cidade não consegue responder porque nem nunca se reorganizou com as migrações das década de 70 e de 80/90, nem as populações encontraram forma de "se instalar" homogeneamente pelas cidades do interior, que foram "esquecidas" pelo desenvolvimento, mesmo depois da integração na CEE em que se recebia por dia um milhão de contos, que foram exclusivamente utilizados para construção das "piores vias-rápidas do mundo", as IPs, que não "levaram as populações para o interior" mas apenas facilitaram a sua deslocação mais rápida para o litoral onde se amontoa 70% dos portugueses que tão bem distribuídos estavam por todo o território, mesmo no local mais montanhoso e inacessível, tão inacessível que o desenvolvimento nunca lá chegou e agora ENVELHECE e apodrece, porque os que "teimaram lá ficar" nos anos 80, já envelheceram sem serem renovados

As cidades envelhecem com os cidadão e com a sua juventude se revitalizam - mas quando ?? se os quase últimos locais de emprego das Beiras fecharam desde 2003 a 2005 ? e que problemas de envelhecimento da população irão criar, mais uma vez ??

É impressionante dizer que uma das mais importantes cidades de interior como o caso de Bragança tem, actualmente, 70% de velhos, porque nada se renovou em termos de instalação de sistemas de dinâmica das económias para que as famílias se desmultiplicassem em vez de abandonar o local de nascer restando os que só foram envelhecendo

O povo português anónimo é em geral amável e solidário e tal que se não fosse assim, o quadro social vigente relativamente aos problemas da terceira idade, atingiria dimensões de catástrofe

O país envelhece em todos os sentidos, nos monumentos patrimoniais e na habitação antiga que não são restaurados, nas economias que não são renovadas e revitalizadas nos locais onde se nasce e se habita, no planeamento urbano que não acompanha os fenómenos socio-económicos, caminhando-se para o drástico envelhecimento em todos os aspectos de destruição de paisagens urbanas e rurais bem como para a erosão social pois que, principalmente, a erosão é das IDÉIAS que não se renovam para resolver os grandes problemas da sociedade mesmo com a participação das populações que nunca são chamadas a participar na solução de problemas que lhes dizem respeito e a que certamente dariam assentimento

Assim Lisboa, onde tudo desagua, e que apesar de grande diversidade de classes etárias não rejuvenesce, poderia ser exemplo de novas formas de actuação socio-cultural, tornando as classes dos idosos em muitas situações auto-suficientes, desde que contassem gratuitamente com os locais físicos municipais ou mesmo particulares e desactivados, para se organizarem, em vez de serem "desmoronados, para construção de mais habitação para mais imigrantes do interior

Talvez que as universidades de Braga, de Aveiro e de Vila Real, constituam não apenas polos de "saberes" mas também de criação de novas oportunidades de fixação e de repovoamento humano e económico dessas regiões de que são capital, e o "movimento" vire no seu contrário, levando a noma imigração e retirando a longo prazo a população dos locais saturados que entretanto também vai morrendo, em vez de constituírem polos contínuos de auto-sustentabilidade, para o que basta olhar para o país vizinho que avança cultural e socio-economicamente, e cujo programa nacional de desenvolvimento foi localizar-se "nos locais onde a população habita" em vez de a forçar a  correr para a capital do poder e da decisão

O equilíbrio da população e de cada célula familiar conduz ao desenvolvimento e equilibrio global de cada local, e se tudo morre, tudo renasce com os cidadãos em ciclos de continuidade como se um local habitado fosse um "ecosistema" equilibrado, não importa de que dimensão, e em interdependência de outros ecosistemas humanos vizinhos

Talvez pela abundância de problemas sociais seja incontável o número de instituições de solidariedade social privadas, algumas sem pretensão de lucro, entre as quais é relevante citar o Banco Nacional contra a Fome que com início em Lisboa cêdo se espalhou em 10 locais do país tendo em 2003 atendido 203 mil pessoas em dois períodos no ano, e tendo em 2005 "angariado" 11 mil voluntários para recolha de alimentos que totalizaram 14 mil toneladas de alimentos correspondentes a 20 milhões de euros, encontrando-se, entre esses voluntários uma senhora de 90 anos, provando que "terceira idade" significa também a definição que se lhe quizer dar se se lhe oportunidade

É, é isso que é mais necessário ao país em geral, à população em geral e aos velhos - oportunidade

É minha opinião que este problema dos velhos sobretudo de "mãos-dadas-com-a-pobreza e em parte também com o analfabetismo" é da maior acuidade e que requer solução, para já e imediatamente, porque se se prepara a velhice nas idades de maturidade, se se prepara a qualidade de vida em geral com os cuidados tidos desde o nascimento, se se prepara a evolução social com a atitude de alguns, poucos, que são semente de mudança social, o facto é que não têm os governantes a qualquer nível central e regional, dado resposta exaustiva limitando-se a dizer que se "faz o que pode", como se o poder "local" tivesse, igualmente, envelhecido e desmoronado e ficado sem qualquer idéia de como fixar as populações e serem agentes e motores de desenvolvimento, nem que fosse confinado apenas ao turismo de todo o ano e produção dos bens da terra e artefactos locais e regionais, que já seria muita riqueza para a auto-sustentabilidade dessa sempre promissora actividade económica. desmultiplicadora de muitas outras que lhe são sucedâneas

Mas se não há no país uma estratégia de desenvolvimento global, o certo é que não há, igualmente, uma estratégia de desenvolvimento regional - PDR - ou PIDR - plano fundamental integrado de desenvolvimento regional, figura de planeamento criada nos anos 80 que é palavra sem qualquer vida e que é semente intelectualizada de desenvolvimento integrado regional para salvaguarda de todos os tipos patrimónios material e imaterial, incluindo o património Humano que, a existir, apenas "resiste na sobrevivência" e na caridade acidental

Parece que a filosofia não foi apenas sequestrada pela economia e gestão que rege o actual mundo ocidental e o desinteligente e irraccional economicismo nacional que, essencialmente, "esconde" os grandes dramas humanos, que foi sequestrada também pela impotência e desistência, dada a grandeza da acumulação dos problemas aos quais se foi virando costas nestas curtas décadas de democracia, numa "bola de neve" a que o clima também não tem ajudado senão a aumentar, como se todas as condições, as mais difíceis, passando pelas mais cruéis manifestações das forças da natureza de contínuas enxurradas e fogo, se tivessem abatido sobre as cidades e os habitantes, esgotando as capacidades de quem de direito, e aumentando continuamente "maiorias desfavorecidas" que não tendo mais nem capacidade de reacção nem de reconstituição das suas vidas lhes resta a assistência social que se pode
também esgotar, bem como a solidariedade privada que renasce de quando em vez, mas que também se CANSA e, por outro lado, não há homem novo ou velho que não lute pela vida, se vir vida pela frente

Curiosamente os mass media também se cansaram de expor que problemas haverá por aí e a que portas batem, como se não se passasse nada, excepto, mais uma vez "o que se passa em Lisboa" e se lê todos os dias as mesmas coisas nos jornais diários ou nos noticiários das TV

Não se passa nada !

O noticiário considerado o melhor programa de televisão desde que há televisão, também envelhecer e eu direi, não existe mesmo - não é NADA - nesta era da "informação" não há, sequer, informação - há VAZIO que por acaso é pago a pêso de oiro, pela população que tem sorte de ter habitação "electrificada" já que, muitos portugueses, no século XXI, não têm ainda esse direito tão básico

Bem dizia eu em escrito anterior que Lisboa não é mais a "capital" - Lisboa é o país que se engarrafou e onde até o tempo é difícil de proporcionar qualquer veleidade de rendibilidade para quem quiser fazer a sua vida "normal", local, curiosamente, onde cada vez se corre mais e mais depressa e não se chega onde se quer nem se tem qualidade de vida nem mesmo de qualquer "serviço" básico porque a corrente do resvalar leva tudo na frente

Mas também países europeus estão a aumentar o tempo de trabalho da população activa como se houvesse um recuo das regalias anteriormente conquistadas (menos tempo de trabalho e mais tempo livre - grande slogan dos anos 80), regressando às condições horárias dos países do sul, mais pobres, mas o que não iguala a "dureza de vida" continuando-se a acentuar a disparidade inumanamente

Igualmente, a europa rica e a envelhecer, parece igualmente empobrecer não apenas na aparência como se se tivesse "batido com a cabeça no tecto"

Está previsto que dentro de 20 anos o número de europeus com mais de 60 anos irá duplicar e os maiores de 80, como consequência, aumentarão drasticamente

A ser assim, não serão necessários 2 jovens para sustentar a pensão de cada adulto, mas muito mais jovens e, que vida lhes restará ?'

Como é próprio da juventude, certamente que darão um grande "pontapé no mundo" porque não lhes será permitido "ser jóvens" mas apenas "mulas humanas" e gostaria eu de perceber porque se drogam desde meninos, porque são alcoolizados antes de atingir a idade adulta, porque estudam a correr e ficam, se ficarem, com um diploma que não os habilita para terem actividade profissional remumerada

Aos velhos de hoje, a vida já deu algo - deu pela menos vivências

Aos jovens de agora, e muito em breve, a vida rodeá-los-á de, pelo menos, muitos mais velhos ainda

Voltando atrás, é certo que nos países do sul o trabalho, por si mesmo, é mais difícil nos países quentes e são disso exemplo certos hábitos como a "sesta" dos alentejanos ou o início da segunda fase do trabalho, em Espanha, que recomeça apenas às 16 horas, depois de "la siesta" (curiosamente atitude usada por Churchill para renovar a sua energia, num país frio onde esse hábito não existe)

E caberá aqui re-lembrar como a vaga de calor de 2003 levou a um valor inimaginável de morte de milhares de velhos na França evoluída e igualmente em Portugal, mas aqui os hospitais, superlotados de velhos, não possuem nem camas suficientes nem sequer ar-condicionado como se a evolução do fenómeno do envelhecimento andasse mais depressa do que qualquer resposta das sociedades e muito menos dos governantes e de forma pragmática, mesmo que de vagar, evolutivamente

Fala-se muito, os "governantes estão atentos", há muitas comissões e discussões públicas e os valores que tentam traduzir a realidade não param de mostrar e ineficácia 

Só em 21 dias em agosto (6 a 26) de 2005 morreram 462 velhos nesses dias de grande calor, secura do ar e poluição (estudo da DG de Saúde), dados avaliados segundo o Plano de Contingência para as ondas de calor de 2005, envolvendo a DGS, o Instituto Nacional de Saúde Dr.Ricardo Jorge (INSA) e o Observatório Nacional de Saúde (ONSA, situação que não se relaciona com os fogos florestais, como é dito  e dito ainda que deste total 360 tinham mais de 75 anos

Estas mortes de idosos ocorreram no Litoral, em Santarém, Viana do Castelo, Castelo Branco, Braga, Porto, Aveiro e ainda alentejo e algarve  (DN de 13 dezembro)

Esta notícia do DN é curiosa na medida em que na vizinhança da água (rio - mar - lago - albufeira) o ar tem mais humidade relativa e, no entanto, excepto Castelo Branco, todas as localidades estão à beira de água

Entretanto é dito que o estudo não relaciona as mortes por calor nas zonas de fogo, embora o presidente da INSA afirme que só haverá conhecimento mais rigoroso deste tipo de mortalidade quando se associar a morte ao calor e houver uma base de dados que permita de forma rápida para essa avaliação, situação que parece ser semelhante em termos de dedução relativamente à UE, organismo para o qual as inundações nos seus países são catástrofes para s quais está reservado fundo de assistência a situações de catástrofe, mas o fogo de  2003 e 2004, devastador, não é considerado catástrofe

Talvez porque não é natural mas sim devido a incendiários - será ?? - se é, então o crime não compensa

Estas cidades foram das mais atingidas pelos fogos também em 2005 e ficaram, durante muito tempo, com o ar poluído pelos densos fumos (Coimbra ficou com um tecto de fumo largos dias) certamente que ficaram na atmosfera porque não choveu senão em outubro, para que a atmosfera ficasse limpa

Mas os fumos dos fogos do norte fizeram-se sentir em Lisboa, que o vento trouxe, em Lisboa não houve fogos nem foram contabilizadas mortes de velhos pelo calor, apesar de se ter vivido uma tórrida onda de calor, o que faz pensar que há muita coisa por explicar e que, mais uma vez e em mais uma situação, os VELHOS continuam a ser os mais desprotegidos da sua condição nesta sociedade tão distraída que não dá DIREITO À IDADE nem se previne para o "previsível" de calor e de intoxicação por permanência de fumos na atmosfera

Os velhos (como as crianças) morrem também tanto por excesso frio como de calor e de desidratação sendo os mais vulneráveis dentro da estrutura social em que se inserem, e em que os velhos também podem morrer somente por partirem ossos e para quem pode ser fatal a imobilidade a que tal obriga o que me faz pensar em como os que vivem sós e se deslocam nos transportes públicos, sobretudo autocarros em que qualquer travagem pode ser desatrosa para os que não têm lugar sentado já que aos jóvens não lhes foi ensinado dar-lhes prioridade, até num simples transporte podem partir pelo menos o tórax mesmo agarrados aos varões do autocarroREVER

Os transportes públicos, os buracos nos passeios de peão, as pedras pelo caminho são, para os velhos, grandes ratoeiras no espaço urbano "descuidado", como as barreiras físicas da sinalização e caixotes de saneamento que nunca deviam estar na rua, como a sinalética anárquica e excessiva a par de painéis de publicidade inúteis e de poluição visual, são algumas das grandes dificuldades para os cegos (velhos ou não) e para as pessoas com handicap

A cidade que é para todos, não está preparada para todos

Os passeios de peões não são passeios contínuos só para peões de qualquer idade

A Cidade tornou-se um espaço hostil para quem nela vive e, sobretudo, para quem dela não pode sair para "férias"

Até agora, este fenómeno do clima e das condições de mobilidade na cidade, que continua a manter " excessivamente desprevenidos os decisores" parece fazer pensar que "ser velho em Portugal é mais uma fatalidade de escala nacional"

Também o clima e tradições andam a par e nunca será possível igualar situações em climas de tamanha desigualdade, sob pena de se "penalizarem", ainda mais, com problemas de saúde, os habitantes, e em que há os países, como o nosso, cujas formas governativas não "compensam as desigualdades económicas", como parece ter sido conseguido, por exemplo, no país vizinho - não percebo reler texto antigo - perdi-me no raciocínio com frases intercalares

Sabe-se que "doenças do trabalho e de desgaste profissional" estão não só ligadas às características das tecnologias e dos processos laborais, à ausência de cumprimento e contínua fiscalização de regras de segurança que por lei devem estar inscritas nos Cadernos de Encargos, mas devem-se também a horários e climas, já que nem sempre é possível reduzir ruídos ou trabalhar-se sempre no "ar condicionado", sendo as classes operárias não só as menos remuneradas, mas as mais penalizadas, com "incapacitações penosas por acidentes de trabalho", adicionados ao facto de as Seguradoras estarem longe de cumprir em tempo útil as funções para que são pagas

Há ainda independentemente da condição económica e social envelhecimento precoce mesmo tendo chegado à "terceira idade" de forma normal e no entanto quanto envelhecimento "precoce" acontece derivado de doença complicada ou mesmo apenas devido a ter no núcleo familiar "crianças difíceis", envelhecimento precoce sem ter atingido a terceira idade, mas com idênticos problemas físicos acrescidos a problemas psíquicos

Não esqueçamos, por exemplo (embora se tenha feito total silêncio sobre a situação), quantas famílias da Aldeia de Entre-os-Rios ficaram dizimadas da maioria dos seus membros, aquando da queda da Ponte Hyntze Ribeiro com as enxurradas de 2001, verdadeira catástrofe nacional sem precedentes no país por razões de incumprimento de regras quase básicas de conservação do sistema rodo-viário em situação tão específica, dado embora a pronta indemnização dos membros restantes das famílias

O envelhecimento parece assim revestir as mais variadas situações e, com o envelhecimento global das sociedades ocidentais, seja qual for a circunstância, se se afirma que dentro em breve serão necessários 2 jóvens para que cada "velho" receba pensão de reforma, também aqui certamente, muito cêdo novos problemas irão surgir sem que se fale nisso pelo menos em termos de projecção de futuro próximo, e se assim for também se os JOVENS que farão andar VIDA de cada país como se tivessem "uma sentença lida" muito antes de envelhecerem

A situação económica dos velhos está a fazer o mundo "dos ricos" repensar a que ponto se chegou e não está longe, sendo sempre conveniente recordar, como só a dimensão de violência de um furacão como o Katrina proporcionou "destapar" as grandes ilhas de maior miséria de populações que vivem a nível de III mundo, no país mais rico e poderoso do mundo, sendo certamente de repensar "as formas de enriquecer" e "escolher" a forma de gerir as "riquezas" - país que entretanto recusou a transferência de tecnologia para os países do III mundo - e que foi tema de discussão e de propostas vãs na Cimeira da Terra - a ECO-92 - já lá vão 10 anos, em que o mundo pobre empobrece mais e envelhece sem esperança

Desde sempre o mundo rico se achou com o direito, por exemplo, de fazer suas "as riquezas naturais do mundo pobre" que adquire por preços de custo que controla e impõe, e com as quais enriqueceu por ter desenvolvido as tecnologias, mas não possui as matérias primas, exportando depois por preços incomportáveis os produtos transformados e por vezes até inúteis para a maioria dessas populações

Mas há certas matérias primas importantes para o mundo ocidental que afecta o mundo rico que por isso empobrece como que a prevenir como a interdependência dos povos existente até aqui tivesse que ser completamente repensada e está neste caso, como mais grave, a ÁGUA e alimentação, dois PRODUTOS que são DIREITOS naturais do HOMEM que não se compadecem com qualquer política tornando a vida sem sentido

Mas não é justo não citar a existência de instituições de ajuda humanitária desde

Dessa grande mudança das sociedades durante o meu crescer, dei conta dos acontecimentos dos anos 60 que fizeram mudar de forma radical o mundo ocidental, tendo, de entre os agentes de mudança, tido a maior importância alguns filósofos que agitavam o pensamento e consciências e cujas idéias eram divulgadas pelo "livro" a que tão poucos ainda tinham acesso, mas com o enriquecimento rápido, exactamente das mesmas sociedades, tudo se foi "esgotando" tão rapidamente, incluindo os homens cujo o PENSAMENTO fazia o mundo avançar e pensar mais profundamente na vida de todos os homens, apesar de se viver actualmente a mais extraordinária forma de informar que nos é dada pela comunicação global que, entretanto, se esvazia inútil como se fora mais "ficção" do que realidade, como se ensurdecesse de incapacidade e impotência, como se fosse algo que não diz respeito a ninguém

O mundo da segunda metade do séc. XX mudou radicalmente - as sociedades mudaram e continuam a mudar e a entrar num caminho novo chamado democracia, mas parte delas estão em agonia por razões de doenças novas, de guerras que se acendem em qualquer lugar, ou de catástrofes naturais, a nossa sociedade portuguesa também MUDOU, e temos, assim, todos que MUDAR e pensar onde estamos e que parte nos cabe dessa mudança e que novos comportamentos podemos adicionar ao quotidiano para que, igualmente, " a vida dos que pensam não vir nunca a ter estes problemas, pelo menos não escureça intelectual e filosoficamente, espiritual e civicamente"

É sabido que a população do mundo ocidental que enriqueceu e inventou o "planeamento familiar" envelhece quase exponencialmente, e este problema do envelhecimento, à semelhança da saúde pública, torna-se um "problema público", não por seu uma PANDEMIA, mas porque deveremos ACORDAR para o que se passa ao lado, na rua em que vivemos, sendo que em minha opinião há profissões que deverão debruçar-se, em paralelo com o seu trabalho normal, com mais cuidado e largueza mental sobre este recente problema, sendo executantes activos, sem que seja de todo necessário afectar a sua vida "privada", recriando o "pensamento" à escala individual, porque "já acabaram os filósofos" que mudavam o mundo, como se o mundo dos velhos fosse uma nova disciplina a acrescentar ao mundo dos saberes profissionais

De há poucos anos atrás, porque se previu que em 2005 haveria 2,5 milhões de maiores de 65 anos, fala-se cada vez mais em velhos + custos de saúde + pensões + reformas, mas só oiço dizer - CORTA, não ouvindo, como gostaria, falar num plano governamental que se debruce sobre os velhos, não como exclusivamente um encargo estatal e social, mas igualmente como população VIVA, já que se quizermos pensar nas crianças que nasceram com graves handicaps, também elas são, certamente, grande encargo social, talvez superior ao dos velhos e ninguém fala nisso, só porque são crianças ?? sendo que os velhos já produziram algo na sua longa vida e produziram a riqueza nacional que há

De facto, a sociedade, que se ocupou exclusivamente com o crescimento económico (produtivismo-consumismo mas que não produz desenvolvimento), enquanto o mundo ía fornecendo "alternativas" deixou que, de repente, os mais variados problemas sociais se engarrafassem, passando pela violência urbana, e é agora obrigada a parar para pensar

Não se tem encontrado soluções excepto aumentar o tempo de trabalho obrigatório para uma parte da população, para os que ainda trabalham poderem obter direito a pensão de reforma, que nem sequer é de 100%, ficando assim mais velhos e sem direito a finalmente descansar e ter vida de velho e de netos, dispor finalmente do seu tempo com liberdade, excepto para os decisores, como se qualquer sociedade "encurralasse" continuamente as maiorias que são "a-mão-de-obra" desse enriquecimento e que, afinal, nunca tiveram "direitos humanos" a não ser cumprir as regras impostas

Enquanto a vida corre e envelhece, enquanto a vida ESCURECE, as soluções não têem passado do mais eloquente dos discursos e não passa disto, já que Portugal é, por condição histórica, o Reino da Palavra, não fosse o dia de Portugal o dia da Língua de Luís Vaz de Camões que consta que, também já em seu tempo, morreu velho e pobre depois de ter sido quem foi

Paralelamente, velhos hábitos portugueses enraizados há muito pelo menos no subconsciente, fazem com que cada um "trate da sua vida", da sua família e dos "teres e haveres", da sua profissão e prestígio, e os problemas dos "outros", "ELES" (o governo e outros decisores), que RESOLVAM, porque não é nada COMIGO

A sociedade "formata" os cidadãos com as regras impostas por cada geração, mas eu digo que é também comigo e connosco, pelo menos parcialmente, na medida em que sempre me senti um ser social e observador dos outros, faço parte de uma estrutura social que me liberta ou oprime, e não para exclusivamente obter os benefícios que tem à minha disposição dando em troca o meu trabalho, mas também porque, apesar de "reformada, não reformei essa minha forma de ser, nem esqueci o que aprendi e sei fazer, embora seja certo que a sociedade actual e a sua estrutura "desactiva" da pior maneira camadas diferenciadas de cidadãos, que de repente desprotege só porque "são idosos" - e não RENDEM e são só encargo, quantos depois de terem sido "bestas de carga" como os das "Vinhas da Ira" de Steinbeck, espírito que ainda vigora

Ao cidadão "desactivado", para certas classes socio-culturais e económicas, que não têm criatividade e possibilidade de "re-inventar que fazer", sobretudo os que não têm família próxima nem estrutura social que os cative e proporcione alternativas de escolha de outras formas de viver os seus últimos anos de vida, parece que lhe resta "jogar cartas no jardim do bairro enquanto não chove nem venta nem faz frio" ou sentar-se numa cadeira e ver televisão e degradar os poucos anos de vida que lhe restam e, pelo menos, já não degradam na taberna
                                                              
SOBREVIVER não é ter VIDA inteira porque a vida é viver até ao limite da força física e da consciência, para além da reforma e para além da terceira idade e, no entanto, quantos há que, exactamente, "porque já criaram os filhos", têm finalmente o tempo para fazer o que o tempo de VIVER não lhes permitiu fazer

No entanto não falo da Universidade da Terceira Idade que tantos aproveitam para estudar e aprender o que não lhes foi possível nas idades de escola, nem falo dos centros de dia em que os velhos, em algumas cidades, se podem encontrar, ou mesmo sociedades recreativas de cariz privado e popular porque são de facto criativos para poder sobreviver

Esta magnífica instituição da universidade da terceira idade que se vai desmultiplicando pelo país com procura de tal forma crescente que os espaços se tornam exíguos, embora louvável e de "aulas a baixo custo" não é uma instituição de rendimento económico e auto-sustentável, e dela só pode aproveita apenas uma camada específica de idosos com capacidade económica, que não são sequer gratuitas

Penso nos velhos das maiorias que "jogam às cartas" e não querem ou não poder frequentar universidades da terceira idade ou que, então, são voluntários e não ganham senão o bem estar de serem de "utilidade social" e conservarem-se activos e mais saudáveis

Penso que muitas situações se poderiam "re-inventar" para não importa quem do ponto de vista profissional e socio-económico e cultural, que fosse até fonte de criação de riqueza material, para além de outras, de forma autosustentável e de "alívio" para encargos estatais que parece estarem agora a ser insustentáveis

Não apenas para os "postos de lado", mas também para os que "pensavam ter conseguido o seu "descanso socio-económico" adentro do seu tempo de ter "servido o Estado" e ganho o direito que lhe foi "prometido" e com que contaram e que parece de repente haver cada menos direitos para maiores maiorias, desestabilizando estruturas socio culturais e familiares e individuais fazendo entrar em colapso a própria vida

Sem esquecer que a Sociedade civil em muitas das iniciativas que por aí há, mas nem sequer "consta" haver melhores resultados no que se refere essencialmente aos "lares de 3ª. idade", e não esqueçamos quantos, em cada ano, são fechados pelos governantes, por não passarem de mais um dos tratamentos indecentes a que os velhos se têm sujeitado e pagando com os seus parcos rendimentos, porque nem sequer têm voz em lado nenhum, nem saúde para a ter, e só lhes resta deixar "a vida escurecer"

Pessoalmente tenho dificuldade em acreditar que só porque se é velho (ou pobre) se "aceita" a caridade alheia, bem pelo contrário, sendo que, assim, a sociedade ainda não oferece modalidades novas e criativas para que GRUPOS de velhos possam viver em sistemas criados para poderem ser "AUTO-SUSTENTÁVEIS", talvez mais do que em tempos de serem "população activa a descontar IRS e segurança social", se a SOCIEDADE proporcionar os ESPAÇOS físicos onde ENSINEM, não importa a quem, "os saberes" que retiveram e poderão fornecer, sem VOLUNTARIADO gratuito, mas sim com o direito a receber em troca o preço do valor do seu SABER, e saber fazer, e saber ensinar com a arte das suas mãos, e que não tem preço

Há certamente no país, muitas "Rosa Ramalho" que do barro primordial fazia sem saber ler nem escrever, verdadeiras obras de arte que, quem as adquiriu, as guarda por terem "valor de obra de arte"

Estas e outras actividades económicas a que só bastaria encontrar "mercado" para estas obras que não seriam apenas "as coisinhas bonitinhas que se fazem para vender no Natal", mas sim um verdadeiro "mercado de oferta" das artes portuguesas, já que creio que os problemas da assistência social não se resolvem apenas cortando ordenados (os alemães cortaram ontem 50% no 13º. mês a todos os funcionários incluindo governamentais ??), não se resolvem com subsídios de desemprego, não se resolvem com emigrantes a dar filhos à nação e que vivem tão mal ou pior em Portugal nas "Cova da Moura" que são ghetos impressionantes, mas onde, igualmente, estão a ser feitos "ensaios" de recuperação de dignidade humana a partir de escolas e oficinas, projecto que curiosamente foi implantado por psicóloga estrangeira que veio "estudar" o caso social da Cova da Moura e lá ficou a viver, há já 30 anos

Creio que se ajuda a resolver fazendo PRODUZIR com proveito para eles próprios e para o mercado geral, os que estão "desactivados" a que chamam VELHOS podendo deixar de ser apenas DESPESA

Há com certeza muita rendilheira de bilros e de bordados de Castelo Branco, muitos oleiros e cesteiros, ou artesãos da pedra e do ferro, de construção de miniaturas de todo o género, de construção e reparação de electrodomésticos ou instrumentos musicais, de pintura de azulejos e loiça, de marceneiro entalhador, de encadernador de livros, de relojoeiro, enfim, de todas estas artes a DESAPARECER porque o "mercado global" massificou a produção de objectos que temos nós todos, todos iguais, em nossa casa mas que ironicamente, os que emigraram, são hoje nesses países de acolhimento, as pequenas e médias empresas de pequenos serviços necessários ao quotidiano, porque encontraram a estrutura que lhes permitiu estabelecerem-se, fazendo parte da estrutura económica dos países ricos que os souberam "aproveitar" pelos valores que representavam, não como "femmes de ménage e pedreiros" mas como pequenos industriais, nem que seja apenas para pregar botões na roupa, consertar sapatos, como acontece na Suiça pelo menos, porque serão sempre os "ricos" ao que parece, que não desperdiçam o que pode ser rentável

Quantos "velhos andam por aí", verdadeiros artesãos e artistas das ARTES E OFÍCIOS que Portugal deitou ao desprezo, e que poderiam ser recuperados bastando para tanto cada autarquia dispor apenas de um grande espaço físico que foi oficina - tipografia - armazém, eu sei lá o quê, no centro ou imediata periferia da cidade, que seja Local Escola-OFICINAL e ao mesmo tempo Galeria permanente de Exposição e de encontro e visita de não importa quem, sendo assim um espaço auto-gerido e altamente rentável não apenas economicamente, mas ainda cultural e humanisticamente pelo CONTACTO-SOCIAL de todas as classes etárias e socio-económicas e culturais ?? e, já agora, se calhar ORIGINAL no mundo - espaço do "encontro-global" civilizado e produtivo

Contribuição para recuperação e restauro do património edificado abandonado perdendo-se história e memória, para recuperação de artes e ofícios, ensinando aos jovens "da cidade que só sabem "ler e escrever" e ocupam os seus tempos livres só com "play station" e nada sabem do país e dos "outros" que construíram o mundo que habitam e está "esterilizado" de saberes e valores tradicionais e identitários que podem pagar o que aprenderem, reanimando economias locais e cultura e mudarem a concepção e forma actual de "os fortes lidarem com os fracos"

Quantos edifícios tão oportunos para satisfazer esta situação haverá devolutos em cada Cidade ?? à espera de apodrecer para mais uma vez justificar o camartelo para serem abatidos e mudar de função exclusivamente habitacional

Onde e como estes edificados são convertidos em espaços culturais e museológicos ?? e não estou a pensar na existência de um espaço assim, para Lisboa, na Cidade dos Arrabaldes, onde não vai ninguém, a não ser os que lá habitam, mas sim na parte mais nobre da cidade e que seja espaço vivo e visitado e de entrada paga, porque se paga para visitar um museu

Onde e como estes espaços são convertidos REVERTENDO para a sociedade "anónima" e "des-activada" que lhes poderia dar vida, utilidade pública e rentabilidade ??

Escola de Velhos - museu vivo das coisas e das gentes, galeria permanente e inter-activa - global e humanista

Quanto poderia poupar o Estado Português em SAÚDE "prevenindo a doença" ?? e permitindo atravessar o fim do "caminho" com a tal felicidade que citei no início deste escrito

Que tipos de produção se poderiam reaver e enriquecer mercados até de exportação ??

Trabalhar com alegria e por amor ao que se sabe fazer é por si só uma dádiva, dá saúde, mas não tem de ser GARTUITO

Que se saiba, os ricos não dão nada a ninguém e, se dão, abatem nos impostos a pagar ao Estado

Não acredito que alguém queira ser "dependente" enquanto puder não o ser

Embora se pense que cada vez é maior o grau de dependência dos idosos creio que essa situação aparece de facto já na 4ª. idade onde os cuidados de saúde e assistência social são mais precário ou não existem na proximidade da habitação ou os lugares foram excessivamente despovoados

Este escrito pessimista e em certa medida "acusatório" passa pela minha pessoal interrogação relativamente à realidade individual e colectiva, que é já do conhecimento de técnicos cuja profissão consiste em debruçar-se sobre os problemas socio-económicos e gerontológicos, mas é também a "minha meditação" a nível intelectual também de componente "abstracta" já que, se hipoteticamente as sociedades continuarem a envelhecer como até aqui e o "sangue novo" vier equilibrar o "sangue velho" poderemos especular a ponto de encontrar o advento de um TEMPO em que a percentagem actual de 17% de maiores de 63 anos em paralelo com a de 17% de jóvens entre os 12 e 14 anos, aumentará

Se esta especulação passar a previsão, será válido perguntar se as "classes etárias" irão inverter a "normal pirâmide etária" que tendo tido até aqui, na base, uma maioria de jóvens e muito jóvens, passará a conter maioria crescente de mais-velhos e tal que, as estruturas familiares e institucionais não terão mais resposta, mesmo querendo

Assim sendo, e continuando a especular, pergunto até que ponto a sociedade se deverá preparar para se re-organizar, para que, reformados os não, os velhos se insiram em estruturar autónomas de convívio e produção de bens materiais e intelectuais, e de troca de saberes (mesmo sendo analfabetos terão a sabedoria do trabalho executado toda a vida) passando assim a ter, de novo, protagonismo activo, mas à dimensão da sua condição ETÁRIA

Será esta idéia de ESCOLA-OFICINA de velhos  "futurologista" ??

A recente criação da universidade da terceira idade "obriga" a que quem nela queira participar, saiba ler e escrever e contribua com uma mensalidade embora apenas "simbólica"

Eu falo numa escola-oficina livre, independente, autosustentável e ainda produtiva para a sociedade em geral em termos culturais e económicos

Ou uma forma de RE-INVENTAR a productividade dos velhos que conservam todas as suas faculdades intactas, em alegria e utilidade para a sociedade sem FARDO para uma grande percentagem de jóvens, para que os CADA VEZ MAIS JÓVENS não tenham de "sustentar" a percentagem crescente de cada vez mais velhos

Não sei responder, mas penso que nem é impossível o aumento mesmo que lento da percentagem de velhos relativamente à de mais jóvens, pelo que "pensar nisso não é de certo irrelevante", e se as sociedades estiveram sempre em mutação evolutiva, esta minha interrogação não é indemonstrável, embora, seguindo o mesmo raciocínio se possa encontrar um TEMPO equivalente, em que o número de idosos corresponderá, também, a maior número dos que não podem envelhecer mais por terem atingido a idade limite do "seu caminhar" e, talvez este seja um ponto de tornar a virar a "pirâmide etária"

Se temos todos direito à idade, certamente que teremos o dever de pensar e colaborar em como tornar a IDADE um bem e uma mais valia social, de que derivará mais saúde e alegria social, em vez de ser, quase exclusivamente, um "problema a adiar a sua previsão e procura de solução"

Quando Júlio Verne escrevia temas de "ficção" mal sabia que no séc.XX era uma realidade em que hoje já nem se pensa por se ter tornado banal

Mas mais tarde foi escrito, por Aldoux Huxley, algo de ficção ainda mais arrojada "O admirável mundo Novo" dos "meninos feitos em pipetas. os Alfa para exercer uma determinada profissão e os que apresentavam características que tinham "saído fora" da produção

Esta previsão de colagem é uma realidade em animais de que a "ovelha Dolly" foi a consequência, e o mundo debate-se hoje com a dimensão ética da clonagem humana, sendo sabido que a recuperação de espécies animais, sobretudo selvagens, não passa pela clonagem mas pela "criação em cativeiro", seguindo-se a re-educação para aprendizagem da sobrevivência no mundo selvagem

É com certeza possível fazer previsões da evolução, a curto e longo prazo, das populações de cada classe etária e as consequências na estrutura social  e, tanto quando me é dado saber, nos próximos 20 anos o número de cidadãos europeus irá duplicar e o dos ciadadãos com mais de 80 anos terá um aumento drástico


O envelhecimento do país segue em paralelo com o envelhecimento da população

Não escrever isto assim - rever + rever  - é excessivamente louco
Escrever + = a cidade trata mal os habitantes a curto e a longo prazo

Por ausência de planeamento e de previsão a curo e a longo prazo

Ex-
1 - Russia - Chernobyl
2 - o fogo ue saddam deitou ao poços em 1991 e teve de ser pagado com explosões de pólvora
3 - Hemel Hempstead - a 40 km Londres - concebtração de tanque com milhões de ton de crude e gasolina e milhares de habitantes perto
- aeropprto de lisboa que permitiu expansão urba junto ás pistas - lumiar e afgora emilhões para ou tro earoporo

É certo que as pessoas se alojam em ilhas vulcânicas ou excessivamente perto dos vulcões
MAS para que servem os decisores que não sabem - não prevêm a curto e longo prazo se é possível fazê-lo

A catástrofe natural - Ache até essa já é previsível

ABC
OS SUBTÍTULOS DESTINAM-SE A TÍTULOS PARA SE CORTAR ESTE ARTIGO EM "n" PARTES - estes ou equivalentes porque nem todos estão no texto

PS1 - Afirmei em artigo anterior relativamente ao desmoronamento das cidades, que os problemas de lisboa se resolvem no interior provincial com plano de desenvolvimento económico global nacional e, também aqui, afirmarei que os problemas dos velhos serão tão mais difíceis quanto maior o despovoamento que continua a verificar-se em qualquer cidade do interior e mesmo litoral pois que, se sem restaurar qualquer monumento ele cairá, também sem o re-ordenamento da família e do trabalho, e do grupo social no interior desertificado, sem diversificação de classes etárias em cada vila, aldeia e cidade, os VELHOS cairão como as pedras, não sendo possível admitir que a gravidade da situação se resolva só com VOLUNTARIADO sob pena do Estado e Autarquias se demitirem de exercerem as funções que lhe são devidas, voluntariado tão mais difícil quanto, naturalmente é feita por população activa e jovém que, igualmente vai acelerando o seu envelhecimento 
PS2
Depois de iniciado este escrito (Velhos I e II) O Grupo Habitar realizou no LNEC dia 23 novembro 2005 conferência sobre o tema - as cidades e os idosos - e o presidente da república fez uma presidência aberta desde 22 a 25 nov 2005. Já tinha entretanto decorrido o III congresso nacional de psico-gerontologia na Torre do Tombo de 3 a 5 nov 2005, como se disse no artigo Velhos I já editado, sendo que este II artigo foi alterado e acrescenta dados decorrentes da informação publicada pelos mass media

PS3
Decorreu na Torre do Tombo em Lisboa o III Congresso da Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP) de 3 a 5 novembro 2005 - com o tema geral - A CIDADE e OS VELHOS + saúde + participação + melhor integração - www.com.pt - cuja sessão de abertura contou com a presença da mulher do presidente da república e ministros da saúde, do trabalho e solidariedade social, bastonário da ordem dos médicos e padre Feytor Pinto-se calhar é melhor por no fim do artigo em PS3 este período que estava no segundo parágrafo

ACABEI
maria celeste d'oliveira ramos
lisboa-bairro de santo amaro 9 dezembro 2005